Como nos velhos tempos

A gente quando tem filho fica assim como se tivesse um adendo ao corpo quase que 100% do tempo. Mesmo com a criança dormindo, a gente se preocupa em olhar toda hora: Será que engasgou? Acordou? Mosquito? Comigo então, é intenso. Como não tenho mãe, sogra, babá ou similares, tenho que programar até uma ida ao banheiro. Tenso.

Daí que resolvemos fazer uma viagenzinha pra Búzios na semana passada. E, para minha sorte, a minha mãe resolveu me acompanhar nos 3 primeiros dias.  De início, eu estava grata por poder tomar café da manhã sem ter um bebê de 8 quilos nos braços, tentando surrupiar meu pão. Eu estou tão acostumada a ter a criança pendurada no peito tipo filhote de macaco, que não me dei conta de que poderia fazer mais que isso, ou mais que ir até a padaria sozinha comprar pão (e isso já é um grande programa independente!) Lá pro segundo dia, já mais relaxada e em clima de férias (e mãe tem isso de férias?), Rafa me chamou pra dar uma volta de bicicleta na praia. Pegamos as magrelas na pousada e partimos pelas ruas de paralelepípedo. Me senti uma aventureira. Uma família de patos nos surpreendeu atravessando nosso caminho. Seguimos trepidando até a praia de Geribá onde, ao cair a tarde, a maré baixa consideravelmente, deixando a areia firme e seca o suficiente para curtir uma pedalada ao som das ondas. Sentir o vento batendo em todo o corpo e rosto foi uma sensação maravilhosa. Parecia eu novamente. Ou melhor, a velha eu, aquela que não tinha bebê, que não tinha sling, que não tinha peitos. Por alguns segundos talvez, eu não pensei em mais nada. Somente senti o vento, eu, meu corpo, a bicicleta deslizando suave pela areia úmida. Coisas simples em momentos preciosos.

Quando retornamos à pousada, lá estava ela, minha abelhinha. Ela pronta para mim e eu também, novamente pronta para ela.