Abeille
completa hoje exatos 3 meses e 2 semanas. Teoricamente seria meu primeiro dia
de trabalho. Digo isso porque optei por não voltar após o fim da licença.
Recebi, obviamente, uma enxurrada de críticas e olhares reprovadores porque não
consegui uma tão sonhada demissão. Tive que me demitir. Na bucha, sem tirar
férias, sem nada, pra não ser obrigada a pagar 1 mês de rescisão de contrato.
Já
estava decidido, eu já tinha até mesmo planejado como dividir as economias ao
longo de alguns meses para me garantir um tempinho maior com a macaquinha
grudada no peito. Pelo menos até ela ter uns 8 ou 9 meses. Estava insatisfeita
com o ambiente do trabalho, a competitividade acirrada, a rigidez com os horários
e a carga de trabalho puxada.
Mas
mesmo assim, ter concluído ontem o processo de saída da empresa foi doído. No
minuto seguinte eu me sentia menos tudo. Menos mulher, menos competente, menos
mãe... Sim, porque fiquei me perguntando que futuro poderei dar à minha filha e
que exemplo eu serei para ela. E o que mais pesou é que eu não consegui ainda
me decidir o que fazer quando tiver que voltar à ativa.
Morando
em uma cidade pequena e longe da família, penso que tipo de atividade irá me
dar um retorno para que eu deixe a Abeille em uma boa creche, ou com uma babá.
Não vejo como começar aos poucos. Quando voltar já tem que ter a grana inicial
de mais de um salário pra pagar esta despesa... Parar não é simples. Não é
simplesmente opção. Empresas privadas dão uma condição precária de licença
maternidade. E depois te cobram produtividade em horário integral. Não me entra
pela goela que o sistema incentive deixar um bebê tão pequeno longe da mãe por
tanto tempo.
O
que me consola agora é aquele olharzinho maroto, carinha de quem vai aprontar
muito. O sorriso aberto quando me vê. O soninho grudada no peito. A mãozinha
que ela está descobrindo agora. O meu futuro ainda não sei... Como vou administrar
o retorno ao trabalho, tentar um emprego de meio período e uma creche
particular num país que não oferece nem isso e nem aquilo?
Parabéns pela coragem em dar um salto assim, no escuro. A sua companheira de viagem certamente te ajudará a escolher o caminho certo quando chegue a hora.
ResponderExcluirDecisão muito acertada. Agora parece tudo meio confuso mas, com certeza, as coisas vão se acertar. Tenha confiança.
ResponderExcluirVocê foi muito corajosa em tomar esta decisão. O benefício é seu e da bebê, sorte a dela em ter uma mãezona assim! Na hora certa vc vai voltar ao batente e tudo o q estão vivendo hoje, com a sua presença, será infinitamente importante na formação emocional e psíquica da sua filha. E não, o capitalismo não se preocupa com mães, pais, ou bebês.
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