sexta-feira, 3 de maio de 2013

O encanto das surpresas



Em 21/02/2012
"Não posso me definir uma pessoa sem frescuras. Uso batom, adoro cheiros, cores, decoração, novidades. Entendo que o conceito de viver sem afetações varia de pessoa para pessoa, de região para região. Minhas idéias aqui não anunciam um padrão. São apenas uma forma de compartilhar vivências e tentar escapar destas padronizações que o mundo impõe à chegada de um bebê e à condição de ser mãe.
Eu tinha que escrever este post antes da minha pequena Abeille vir ao mundo. Afinal, serei mãe de menina e nada mais arriscado que isso pra te mergulhar num mundo de babados cor de rosa e outras afetações naturais que envolvem o universo feminino. Daí pode acontecer de eu esquecer de tudo que venho pensando, mudar de lado e me tornar mãe de uma figurinha meio barbie-bailarina-princesa de óculos cor de rosa em forma de coração e (detalhe) achar tudo isso lindo.
Mas eu precisava falar de como a maternidade me parece de repente tão apelativa e consumista quanto um pacote de viagem a NY. E como tudo isso me soa tão estranho.
Desde que engravidei, venho sofrendo pressão de todos os lados, inclusive do meu marido. A começar pelo sexo do bebê. Se você optar por não saber o sexo do bebê, podem insinuar que você não se preocupa com ele (ou ela). Enfim, era tanta ansiedade ao meu redor que quando dei por mim, lá estava o doutor escarafunchando minha barriga, em busca do melhor ângulo para visualizar a periquita da minha pequena. Sim, confirmado que era uma menina. E agora, eu fazia o que com essa informação? Amar de mais ou de menos? Correr para comprar os laçarotes cor-de-rosa? Escolher o tema do quarto ou ler um livro sobre educar meninas? Eu poderia escolher o nome, mas aos quatro meses de gravidez ainda não estava pronta para isso.
Não quis nem fazer um teste no primeiro dia de atraso menstrual para ter a oportunidade de tentar sentir se meu corpo estava grávido ou não. As pessoas têm uma urgência hoje em descobrir tudo precisamente através da ciência. Era a mesma sensação que eu tinha quanto às ultrassonografias que indicam o sexo e todo o resto do bebê. Sendo impossível manter a surpresinha para a hora do nascimento, optei por aceitar a informação impressa no papel e desacelerar. E, observando o mundo ao meu redor, permiti-me sentir esta nova descoberta – eu seria mãe de uma menina. E continuo observando e aprendendo, aos nove meses de gestação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário