Em 21/02/2012
"Não posso me definir uma pessoa
sem frescuras. Uso batom, adoro cheiros, cores, decoração, novidades. Entendo
que o conceito de viver sem afetações varia de pessoa para pessoa, de região
para região. Minhas idéias aqui não anunciam um padrão. São apenas uma forma de
compartilhar vivências e tentar escapar destas padronizações que o mundo impõe
à chegada de um bebê e à condição de ser mãe.
Eu tinha que escrever este post
antes da minha pequena Abeille vir ao mundo. Afinal, serei mãe de menina e nada
mais arriscado que isso pra te mergulhar num mundo de babados cor de rosa e
outras afetações naturais que envolvem o universo feminino. Daí pode acontecer
de eu esquecer de tudo que venho pensando, mudar de lado e me tornar mãe de uma
figurinha meio barbie-bailarina-princesa de óculos cor de rosa em forma de
coração e (detalhe) achar tudo isso lindo.
Mas eu precisava falar de como a
maternidade me parece de repente tão apelativa e consumista quanto um pacote de
viagem a NY. E como tudo isso me soa tão estranho.
Desde que engravidei, venho
sofrendo pressão de todos os lados, inclusive do meu marido. A começar pelo
sexo do bebê. Se você optar por não saber o sexo do bebê, podem insinuar que
você não se preocupa com ele (ou ela). Enfim, era tanta ansiedade ao meu redor
que quando dei por mim, lá estava o doutor escarafunchando minha barriga, em
busca do melhor ângulo para visualizar a periquita da minha pequena. Sim,
confirmado que era uma menina. E agora, eu fazia o que com essa informação?
Amar de mais ou de menos? Correr para comprar os laçarotes cor-de-rosa?
Escolher o tema do quarto ou ler um livro sobre educar meninas? Eu poderia
escolher o nome, mas aos quatro meses de gravidez ainda não estava pronta para
isso.
Não quis nem fazer um teste no
primeiro dia de atraso menstrual para ter a oportunidade de tentar sentir se
meu corpo estava grávido ou não. As pessoas têm uma urgência hoje em descobrir tudo precisamente através da ciência. Era a mesma sensação que eu tinha quanto às
ultrassonografias que indicam o sexo e todo o resto do bebê. Sendo impossível
manter a surpresinha para a hora do nascimento, optei por aceitar a informação impressa no papel e desacelerar. E,
observando o mundo ao meu redor, permiti-me sentir esta nova descoberta – eu
seria mãe de uma menina. E continuo observando e aprendendo, aos nove meses de
gestação.
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