quinta-feira, 3 de março de 2016

A polinização do tomateiro

Um dia resolvi que cultivaria tomates em meu quintal de 12 metros quadrados, na esperança de dar conta da quantidade sem fim de molho de tomate caseiro que venho fazendo mês a mês. Uma muda vingou, cresceu e se tornou um tomateiro grande e revolto, disputando espaço com minhas orquídeas e onze-horas. Um mês depois, para felicidade geral, já estava carregado de florzinhas. Uma semana depois, continuava carregado de florzinhas. E nada de tomates.
Acho que eu esperei aí uns 3 meses. E nada mesmo. Então, numa rotina que quase não me deixa tempo para escovar os dentes, fui pesquisar sobre os tomateiros. Achei alguns detalhes sobre rega e poda muito interessantes e, como última opção, os sites sugeriam a polinização manual. Eu olhei e me lembrei da minha mãe, trepada num banquinho, concorrendo com os mangangás à vaga de polinizadora de suas flores de maracujá, para garantir uma produção eficiente. Pensei comigo: Temos vento bastante aqui, um dos fatores essenciais para a reprodução dos tomates. E as abelhas estão por toda parte. Não vou bancar polinização manual nenhuma. Não me darei este trabalho. Quero que os tomates surjam de forma espontânea. 
Para dar uma forcinha, fiz o que estava ao meu alcance, conforme orientavam os manuais: Diminuí a frequência das regas e dei uma ligeira aparada nas pontas, para dar força, que nem a gente faz quando corta o cabelo. Eis que surge um lindo tomate e... só. Nem mais unzinho. Eu estava toda animada achando que a poda tinha sido eficaz, mas disso não passou. Um lindo tomate que cresce a cada dia, e já deve ter um mês isso aí, e o bichinho não amadurece nunca. Mas eu o amo mesmo assim!
Acontece que eu fiquei cismada que isso tenha sucedido só porque quando eu segurei as pontinhas das folhas para dar a poda, devo ter feito uma polinização manual sem querer, tocando uma florzinha aqui, outra ali. E resolvi "fazer só um teste", pra ver se era isso mesmo. Uma semana depois, surgem duas bolinhas verdes. Mais dois tomates, que já estou cogitando a possibilidade de comê-los "verdes fritos". 
Fato é que depois desses dois mais que apareceram por ali, coincidentemente depois de eu ter dado uma forcinha, me deu uma comichão nas mãos, abandonei minha apologia ao "fluxo natural das coisas" e já imediatamente peguei o pincelzinho na mesa da Abeille e num rompante, saí pincelando florzinha por florzinha. Está feita a minha parte. 
E olha ele aí, o primogênito da minha safra, numa foto feita hoje de manhã.
Resta relaxar e quem sabe assistir ao clássico "Tomates verdes fritos"?

Um comentário:

  1. Fiquei impressionada! O que está acontecendo na natureza? Já colhi tomates sem nunca fazer polinização... mas ano passado minhas duas roseiras que sempre floriram em pencas, fizeram greve e não deram uma rosa sequer!

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